A Questão Platina

As guerras foram uma constante na região do rio da Prata, em decorrência dos conflitos de limites entre Portugal e Espanha, quando o Brasil ainda era uma colônia.

Com as guerras napoleônicas , os conflitos se aqueceram ainda mais. A Banda Oriental (atual Uruguai) estava politicamente dividida desde 1808, com a invasão da Espanha pela França, então inimiga da corte portuguesa refugiada no Brasil. Enquanto alguns desejavam a emancipação política, outros defendiam a união a Buenos Aire.

O governo de D. João determinou a invasão da Banda Oriental no Rio da Prata, em 1816, como retaliação ao ataque espanhol a Olivença, em Portugal.

Em 1825, a Cisplatina foi incorporada à Argentina. E com isso D. Pedro I, declarou guerra às Províncias Unidas do Prata.

A guerra chegou ao fim em 1828, com mediação britânica. A Cisplatina tornou-se, então, independente, com o nome República Oriental do Uruguai.

A paz na região, entretanto, estava longe de ser selada. No Uruguai surgiram dois partidos: o Colorado e o Blanco. O partido Colorado elegeu o primeiro presidente da nova república, Frutuoso Rivera, aliado dos brasileiros, que governou de 1828 a 1834. A seguir, foi eleito um aliado dos argentinos, Manuel Oribe, do Partido Blanco. Rivera opôs-se a Oribe, obrigando-o a renunciar. Refugiado na Argentina, Oribe buscou o apoio principal inimigo militar do Brasil, o caudilho Juan Manuel de Rosas, governador da província de Buenos Aires.

Em 1851, Rosas declarou guerra ao Brasil. Acabou derrotando no ano seguinte por uma coligação de forças formada pelos brasileiros, pelo general Justo José de Urquiza.

Em 1864, teve início o principal, mais sangrento e duradouro conflito do continente sul-americano: a Guerra do Paraguai.

O presidente do Uruguai, general Bernado Berro, do Partido Blanco, enfrentou uma revolta do Partido Colorado, conhecida como Cruzada Libertadora, apoiada pelo Brasil.

O apoio do Brasil à revolta do Partido Colorado contra o presidente Berro contou com a adesão da Argentina, unificada desde 1862.

O Brasil também apoiou as forças coloradas de Venâncio Flores e declarou guerra ao blancos que governavam o Uruguai, invadindo o país em em 1864. Era presidente do Uruguai nesse momento o blanco Atanásio Aguirre. Foi afastado do poder, e Flores tornou-se presidente da República Oriental do Uruguai. Aguirre voltou-se para o Paraguai com um possível aliado contra os colorados apoiado agora não só pelo Brasil como pela Argentina.

O Paraguai possuía problemas de fronteiras com o Brasil e de navegação hidroviária com o Brasil e com a Argentina. Ele tentava ampliar sua inserção no mercado internacional, exportando produtos primários. Dessa forma, via como única saída o porto de Montevidéu, no Uruguai.

Francisco Solano López era o presidente do Paraguai desde 1862. Em defesa dos interesses do seu país, seu governo intrometeu-se na questão uruguaia, apoiando o Partido Blanco recém-derrubado, com o intuito de ter um aliado na região do Prata.

López enviou um ultimato ao Brasil para que interferisse no Uruguai. Quando o governo brasileiro o ignorou e invadiu o Uruguai, López rompeu relações diplomáticas com o Brasil. Em dezembro, declarou guerra e invadiu o Mato Grosso. Foi o início da Guerra do Paraguai, também conhecida como Grande Guerra ou Guerra da Tríplice Aliança.

A Guerra Grande estendeu-se de 1864 a 1870. Reuniu o Brasil, a Argentina e o Uruguai, na Tríplice Aliança, contra o Paraguai. O conflito militar foi sangrento,: estima-se que morreram entre 150 mim a 300 mil soldados, principalmente do lado paraguaio.

No início, a guerra foi favorável aos paraguaios, que tomavam as iniciativas. Mas, em 11 de junho de 1865, eles sofreram a primeira derrota, na batalha naval do Riachuelo, no rio Paraná, contra a Armada Brasileira . Os rumos da guerra se refaziam.

Apesar das derrotas, os paraguaio, os paraguaios demonstraram grande resistência; saíram vitoriosos de algumas batalhas.

Em 1868, acabou ocorrendo a queda de Humaitá e, em 1º de janeiro de 1869, Assunção foi ocupada, quando as tropas aliadas já estavam sob o comando do Duque de Caxias. Mesmo assim, Solano López manteve a guerra, com táticas de guerrilha, até a derrota final em Cerro-Corá, em março de 1870, quando foi morto.

A guerra foi um desastre para o Paraguai. Embora tenha se mantido como Estado independente, o país perdeu quase 40% de seu território para o Brasil e para a Argentina, sua economia arruinou-se e suas fortificações fluviais e armamentos foram completamente destruídos.

  • O Brasil na guerra

Para o Brasil, a quem coube a principal contribuição para o esforço de guerra, a vitória foi amarga. No início da guerra, para minimizar o problema, foram criados por decreto imperial de 1865, os Voluntários da Pátria (corpo de soldados voluntários criado pelo governo brasileiro)

No início, acreditando que a guerra seria breve, muitos se inscreveram incluindo negros libertos. Com a guerra se entendendo por muito mais tempo do que as previsões iniciais, até mesmo os membros da Guarda Nacional foram obrigados a lutar,subordinados ao Exército de linha. Também criminosos, desocupados e pobres foram obrigados a se alistar como “voluntários”. Os prêmios prometidos ao voluntários pelo governo nunca foram pagos.

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